sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Em nome da dignidade da palavra


Eu ainda me surpreendo como ser digno no que se diz é uma característica rara hoje em dia. O que deveria ser regra na verdade é a exceção. Não entendo, por exemplo, como muitos perdem um tempo desmedido mentindo para quem quer que seja. Há ate aqueles que mentem, 24h por dia, para si mesmos. Outros, na falta de um talento melhor, praticam a mentira por esporte! Não entendo como simplesmente é possível que alguns se divirtam com as expectativas e a capacidade de afetação das pessoas.

Gosto de pensar naquela época em que contratos eram fechados só com uma palavra. Entristeço-me quando percebo que hoje, quando queremos dizer que algo não é sério, falamos: “ Nãooo...é só de boca”. Onde foi parar todo aquele respeito com o dito que era tão cultivado pelos nossos avós? Na verdade, sorte a nossa e a deles, os nossos avós nunca foram (pós) modernos e pra eles essa história de vida líquida/valores líquidos é realmente falta de um caráter sólido.

Não sou contra mudar de opinião ou adotar eufemismos em respeito ao outro, lembrando que isso é diferente de omissão de verdade. Porém, pasmo diante da incrível flexibilização do verbo:o que é dito agora, não necessariamente representa a verdade e, mesmo que assim seja, provavelmente no futuro não será mais. Essas metamorfoses ambulantes são o próprio símbolo da instabilidade irrefletida e desvairada.

Quem consegue ser digno no que profere, entende a premência e a obrigatoriedade de respeitar o Outro e a si mesmo. Aprendeu a honrar com o que se compromete,independente de ser uma resposta afirmativa para farras em um bar, uma consolidação de compromissos ou a elaboração de frases que representem ideologias de vida.