quarta-feira, 27 de junho de 2012

Beleza e Paciência


“O amor é feito de beleza e paciência. Se deu certo: beleza. Se não: paciência!”

Desde que eu ouvi essa frase, ela tem ressoado na minha mente. Brincadeiras à parte, parece-me mesmo que o amor se constitui sobre o que é belo, mas o que vai definir mesmo a sua manutenção, ou não, é o quanto se é paciente em aparar as arestas e em lapidar esse diamante. 

Seria, então, o amor formado de aspectos belos e profundos, mas também por uma beleza superficial, volúvel, igualmente necessária para que o amor se instale em nossos corações. Porque o amor não precisa necessariamente ser um sentimento “sério”. Claro que é essencial uma beleza intensa e profunda proveniente de todo o conjunto de valores e de certezas que sentimos quando amamos alguém. Por outro lado, o amor precisa ter as suas bobagens, as suas criancices, as suas loucuras e as suas impulsividades, para que um velho amor tenha sempre o charme de um novo. O amor precisa saber se reinventar e rir de si mesmo.

Depois que ele se instala em nossos corações, para conseguir manter esse amor é necessário paciência consigo, com o outro e com os rumos que a vida vai tomando ao longo dos anos, principalmente porque são nesses (des) caminhos que surgem as adversidades muitas vezes aparentemente inultrapassáveis. Se não houver, durante esses períodos, uma crença na possibilidade de resolução ou se o desejo de permanecer juntos em busca de uma conciliação não puder ser maior do que todos os conflitos, tudo se perde e de repente tudo que era tão belo vai perdendo a cor, o sentido. E é assim que aquele grande sentimento vira mais algumas fotos e meia dúzia de presentes que você vai guardar em uma caixa de lembranças e só pretenderá abrir de novo na véspera do seu casamento (com outro cara) ou para mostrar à sua filhinha os romances que a mãe viveu.

Logo é muito bem vinda a graça da frase, porque a celebração de uma união duradoura ou o fim de uma relação com o cara que você achava que seria o homem da sua vida são dois caminhos plenamente possíveis. O que nos resta, então, é saber comemorar quando um Encontro acontece, e principalmente quando ele consegue se reproduzir ao longo dos anos, e aprender a impor um limite para a própria dor quando isso não ocorre. No mais, a gente faz graça!


quinta-feira, 21 de junho de 2012

Vida Corrente



Decidi definitivamente enxergar o que se apresenta aos meus olhos. Percebo que ver a beleza da vida é certamente uma questão de escolha,embora a chave desse tesouro muitas vezes se encontre em lugares cavernosos. Então há que se resgatar um pouco de coragem nas nossas profundezas e resolver enfrentar, não a vida, mas a nós mesmos.

Tenho aprendido a olhar para baixo, porque é necessário ver as pedras e os obstáculos do caminho e é prudente escolher aquilo que dói menos, quando essa escolha é possível. Contudo, também olho para baixo por outros motivos, como um sinal de humildade diante das minhas próprias fraquezas e porque é reconfortante saber que há um chão capaz de me segurar se eu cair.

Entretanto, tenho aprendido também a olhar para o horizonte e ver animais sem medo do ser humano e ver pessoas sem medo umas das outras. E também, nessa direção, ver campos, ver serras e ser presenteada todos os dias com um lindo pôr-do-sol, estrategicamente localizado no horizonte do meu caminho, esplendoroso, divino.

Tenho aprendido a olhar para o lado e ver, sentir, abraçar gente e ver tanta beleza que há além da roupa, além da face, além da fala. É aquela beleza do fundo do olhar, com tantas experiências diferentes das que nós temos. Nem melhores, nem piores, diferentes. Cada um na sua luta cotidianamente.

Olhando pra cima, vejo um céu límpido e com tantas, tantas estrelas que até não incomoda mais se há uma queda rápida de energia. Já sei o que fazer: correr para calçada e desfrutar um banquete de constelações.

Além de tudo, tenho aprendido a olhar mais para dentro do que para o relógio da parede, do que para o calendário da mesa. O tempo que temos na vida não é definido por nós mesmos, ele é simplesmente por nós administrado. Assim sendo, cabe a nós fazermos sempre o melhor possível, sermos o melhor possível até aportarmos em outras paisagens.