Sempre rio muito quando as pessoas
dizem que meu mundo é muito rosa. Na verdade, ele não é! Nem menos
nem mais do que o mesmo mundo que é compartilhado por todas as
pessoas. Eu, simplesmente, escolho pintá-lo com a cor que eu quero.
E bem pode ser azul, vermelho, verde, laranja, depende do dia. Como
eu também poderia deixá-lo todo preto-e-branco, se eu quisesse, mas
fica mais charmoso apenas em filmes antigos.
Eu quero mesmo é um mundo colorido,
ou, se não for possível, um mundo preto-e-branco com um toque
ardente de vermelho, porque, nos piores momentos, algo precisa
incendiar dentro do peito pra que a gente consiga reagir, consiga
erguer a mão e tingir a vida com outros tons. Não que a nossa vida
deva ser um arco-íris todos os dias, pois cor em excesso cansa a
vista e, desta forma, também não conseguimos preservar uma ou outra
coloração necessária para quando nos confrontamos com situações
que simplesmente deixam nossas mentes uma tela em branco diante do
inesperado.
O impacto de cada tonalidade depende
do sentido desejado pelo pintor e (o principal) dos olhos de quem vê!
É assim que, quando contemplamos uma tela, fazemos mais do que
captar o significado dela, impregnamos o que foi pintado com as cores
da nossa própria alma. Destarte, em cada situação da vida, temos
um infinito processo criativo, misturamos ininterruptamente a nossa
paleta de cores com as cores de outras pessoas.
Então, eu sou muito grata àqueles
que dizem que meu mundo é rosa, caso ao ver os meus quadros
compartilhem, produzam e reproduzam a sensação de que eles estão
impregnados de calor humano, de crença na vida e de amor, por mais
piegas que isso tudo soe. O que eu posso fazer, se é mesmo a minha
verdade? Posso apenas desejar que cada um tenha, igualmente, uma vida
repleta de cores e, por ventura, que possamos juntos pintar algumas
aquarelas.