Gosto muito dos escritos da Ana
Jácomo. Hoje, lendo um dos textos, fixei-me em uma frase: “Que o
medo exista, porque ele existe, mas que não tenha tamanho para
ceifar o nosso amor.” O contexto é universal, mas aplico em um
caso específico: namoro à distância.
Algumas vezes, somos pegos de
surpresa pela vida em rumos que antes nunca sequer havíamos pensado.
Quem vai com você? Quem fica? Às vezes, não sabemos quanto tempo
permaneceremos em um determinado lugar. Entretanto, quando amamos,
sempre estamos ansiosos para ter aquela pessoa por perto. Sendo
assim, como viver sem prazos ou com planejamentos a médio e a longo
prazo? Por que uma pessoa esperaria por você?
Quem já teve oportunidade de
vivenciar uma, duas ou mais histórias como essa sabe que namorar à
distância é viver com um aperto de saudade dentro do peito. Alguns
relacionamentos têm final feliz, outros, ou a maioria deles, nem
tanto. O que faz com que cada um trace o seu destino de forma tão
diferente?
Uma amiga me dizia que a distancia
intensifica a relação e acentua o que é bom e o que é ruim. Como
sobreviver a isso? E à saudade? E ao desejo? Talvez um namoro à
distância não termine porque acabou o amor, talvez isso ocorra por
ter findado a pretensão de lutar por esse sentimento. E a
justificativa para essa fraqueza da vontade é a própria distância!
Ainda não chegamos aos trinta anos,
mas olhamos para os nossos amados tendo certeza de que queremos
passar o resto da vida com eles, ou seja, pelo menos uns cinquenta
anos. Cinquenta anos! Isso é o dobro de tudo o que eu vivi e, se eu
disser que eu tenho dimensão do quanto isso representa, eu estou
mentindo. Apenas imagino todo o cotidiano, todas as delicias de uma
vida a dois e todos os desafios; as noites de intensa paixão e as
noites em que você vai, simplesmente, querer dormir, talvez até
sozinho. E então podemos antever um (a) colega de trabalho sexy, as
nossas paranóias diante do espelho com o passar dos anos e como
tentaremos administrar todas as inseguranças enquanto damos banho
nos meninos, arrumamos, botamos no carro e levamos pra escola.
Devemos refletir também sobre os dias de bom humor, os dias de mau
humor, as contas, o supermercado, a faxina em casa, ou seja, vida
real! Não são exatamente as cenas que passam nas novelas das oito.
Imagine tudo isso que cogitamos somado a dezenas de acontecimentos
que não prevemos e temos 50 anos de casamento!
Vendo esse panorama geral o que
seriam dois anos namorando à distância se você tem certeza que é
com aquela pessoa que você quer passar o resto da vida? Quantos
momentos de distância física e psicológica teremos em 50 anos?
Pensar nisso dá medo, e é por medo que os namoros à distância não
se mantém. Por medo de quem nos tornaremos, por medo de não
conseguir dar lugar aos nossos desejos, por medo de não sermos
habilidosos o suficiente para conseguir semear o amor e
principalmente por medo de não conseguir manter esse sentimento por
um, dois, três anos. Que medo deve dar então quando pensamos em
cinquenta! Mas, como diria a Ana, “Que o medo exista, porque ele
existe, mas que não tenha tamanho para ceifar o nosso amor.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário