Há 3 anos
terça-feira, 25 de junho de 2013
sexta-feira, 19 de abril de 2013
quinta-feira, 16 de agosto de 2012
Olhos
De repente, parei ali...não sei se
exatamente parei ou se fui atraída praquele lugar. Era exatamente a
sensação de estar no olho do furacão, enquanto tudo em volta era
um turbilhão de sensações. Teus olhos não são apenas espelhos da
tua alma, são também portas, janelas, têm qualquer coisa desse
poder de transportar para outros lugares. Se a beleza está nos olhos
de quem vê, no teu caso, a beleza também está nos olhos de para
quem se olha, pois é isto que encontro nessas navegações no fundo
do teu olhar.
Contemplar-te, definitivamente me
enche os olhos de vida e de rotas possíveis nesses mares. E eu
queria mesmo era ficar de olho em você interminavelmente, como a
desenhar teu mapa com todos os teus detalhes. Nem me importa que, a
olhos vistos, todos percebam que não reluto, que me deixo pertencer
e ser guiada pela luz do teu olhar como os navios seguem os faróis
nas noites escuras.
Olho por olho, dente por dente,
toque por toque, meu desejo é devolver cada sensação que tu me
causas. E me revelar por inteiro, desnudar a alma, sem ter medo do
que possam ver os teus olhos de lince. Quero apenas, meu bem, que
saibas que, se de olhos bem abertos, posso me comprazer com tudo que
me fazes, sinto-me igualmente tranqüila em poder abandonar-me em ti
até de olhos fechados. Assim, quero manter-te sempre ao
alcance dos olhos e poder dizer sem pestanejar que eu te amo.
Desejo que no porto onde se acostará
o navio com nossos sonhos, possamos perceber, em um piscar de olhos,
que a terra com o lar que sonhamos e as árvores frutíferas que
semeamos ali se encontram. Olhos nos olhos, se eu me perco ou
se eu me acho nesse mar, eu não sei. Só sei que quero ficar ali,
para sempre, como menina dos teus olhos, nem que seja no canto do
olho.
sexta-feira, 3 de agosto de 2012
Bagagem
Certa vez, uma psicóloga sem
fronteiras disse em uma entrevista que só era dela aquilo que ela
conseguia levar. Desde que eu saí de casa e mudei de estado penso
nessa frase e sinto certa inveja dessa sensação. Também gostaria
de poder dizer que tudo o que eu tenho de importante cabe
simplesmente em uma mochila.
Nesses meses de adaptação ainda é
difícil se localizar, é trabalhoso montar uma casa nova, escolher
que coisas levar, mas principalmente é doloroso retornar à sua
antiga morada e ver que nada mais está como você deixou. Suas
coisas agora estão encaixotadas, alguém se apossou daquele antigo
armário, sua estante está cheia de pertences de outras pessoas. E
então percebemos que tantas pequenas coisas nos constroem, nos
definem, delimitam a noção que temos de nós.
A gente se confunde um pouco com as
coisas que adquirimos ao longo da vida, desde um guardanapo com um
nome e data, antigos diários, ingressos de cinema, fotos do primeiro
namorado, presentes e suas embalagens... Às vezes, tenho vontade de
pôr tudo o que me pertence em um único lugar. Isso supriria o meu
desejo de olhar em volta e dizer isso é meu, isso conta a minha
história, a isso eu posso recorrer quando a realidade estiver meio
confusa e assim descobrir entre um papel de bombom e um frasco antigo
de perfume a resposta pra alguma questão inquietante.
Tudo isso é o rastro dos passos que
demos para chegar até aqui, como as migalhas de pão em João e
Maria, para que possamos encontrar o caminho de casa. O problema é
que, como na história, tudo é perecível e pode facilmente ser
perdido por um ou outro fator ao longo do caminho. Por hora, sempre
fica aquele livro, aquele cd, aquela foto em uma caixinha a mil e
quinhentos quilômetros de distância.
Daí eu penso o quanto disso tudo
ficou dentro de mim, o quanto dessas lembranças, dessas vivências,
dessas histórias moldaram meus gestos, minha personalidade, meus
ideais de vida, a maneira que conduzo os meus dias. De repente, noto
que tudo ainda continua comigo, também em pequenas caixas dentro do
meu cérebro. Umas mais organizadas, outras nem tanto. Umas com
cadeado, outras de fácil acesso. Em todos os casos, porém, basta um
cheiro, uma cor, um riso, aquela canção, para que tudo venha à
tona e tenha exatamente o mesmo gosto e o melhor, sem precisar pagar
excesso de bagagem.
quinta-feira, 19 de julho de 2012
As tintas
Sempre rio muito quando as pessoas
dizem que meu mundo é muito rosa. Na verdade, ele não é! Nem menos
nem mais do que o mesmo mundo que é compartilhado por todas as
pessoas. Eu, simplesmente, escolho pintá-lo com a cor que eu quero.
E bem pode ser azul, vermelho, verde, laranja, depende do dia. Como
eu também poderia deixá-lo todo preto-e-branco, se eu quisesse, mas
fica mais charmoso apenas em filmes antigos.
Eu quero mesmo é um mundo colorido,
ou, se não for possível, um mundo preto-e-branco com um toque
ardente de vermelho, porque, nos piores momentos, algo precisa
incendiar dentro do peito pra que a gente consiga reagir, consiga
erguer a mão e tingir a vida com outros tons. Não que a nossa vida
deva ser um arco-íris todos os dias, pois cor em excesso cansa a
vista e, desta forma, também não conseguimos preservar uma ou outra
coloração necessária para quando nos confrontamos com situações
que simplesmente deixam nossas mentes uma tela em branco diante do
inesperado.
O impacto de cada tonalidade depende
do sentido desejado pelo pintor e (o principal) dos olhos de quem vê!
É assim que, quando contemplamos uma tela, fazemos mais do que
captar o significado dela, impregnamos o que foi pintado com as cores
da nossa própria alma. Destarte, em cada situação da vida, temos
um infinito processo criativo, misturamos ininterruptamente a nossa
paleta de cores com as cores de outras pessoas.
Então, eu sou muito grata àqueles
que dizem que meu mundo é rosa, caso ao ver os meus quadros
compartilhem, produzam e reproduzam a sensação de que eles estão
impregnados de calor humano, de crença na vida e de amor, por mais
piegas que isso tudo soe. O que eu posso fazer, se é mesmo a minha
verdade? Posso apenas desejar que cada um tenha, igualmente, uma vida
repleta de cores e, por ventura, que possamos juntos pintar algumas
aquarelas.
quarta-feira, 11 de julho de 2012
O melhor de si
Eu tenho um amigo que diz que sempre
faz tudo errado. Confesso que, nesses treze anos em que nos
conhecemos, ele realmente teve alguns comportamentos que eu não
entendo. Na última conversa que tivemos, após ele ter sofrido um
acidente de moto, perguntei-lhe porque ele ainda não decidiu por um
rumo, não clarificou seus objetivos e não optou por uma vida mais
tranqüila. Sem pestanejar, ele me respondeu: “Porque para
encontrar o melhor de mim eu preciso conviver com o meu pior”.
Todos nós fugimos das nossas
sombras e das dos demais. Preferimos deixar o que tememos bem
escondidinho, camuflar as nossas imperfeições, ressaltar apenas as
nossas qualidades. Quanto às outras pessoas, nesse mundo de
relacionamentos líquidos, muitas vezes optamos por romper amizades,
namoros e casamentos se nos confrontamos com alguma característica
“inadmissível”. O que não percebemos é que, muitas vezes,
perdemos a oportunidade de trabalhar as nossas próprias fraquezas,
as nossas limitações, quando nos damos conta de um defeito, sendo
nosso ou não.
Não raras vezes, quando apontamos a
falha de alguém, estamos, de fato, falando de nós mesmos. Não
estamos só identificando um defeito alheio a nós, estamos
identificando o nosso defeito no outro ou a partir do outro. É por
isso que fugimos, talvez não dos demais, mas do que existe de feio
em nós.
E então ficamos angustiados,
entramos em crise, reclamamos de todo mundo, porque no fundo nos
falta mesmo é um pouco mais de paciência, um pouco mais de
compreensão e de flexibilidade. Somente resgatando essas qualidades
podemos nos abrir à experiência e conseguir encontrar o nosso
melhor, e o melhor das outras pessoas, nas situações mais
tenebrosas.
sexta-feira, 6 de julho de 2012
À distância
Gosto muito dos escritos da Ana
Jácomo. Hoje, lendo um dos textos, fixei-me em uma frase: “Que o
medo exista, porque ele existe, mas que não tenha tamanho para
ceifar o nosso amor.” O contexto é universal, mas aplico em um
caso específico: namoro à distância.
Algumas vezes, somos pegos de
surpresa pela vida em rumos que antes nunca sequer havíamos pensado.
Quem vai com você? Quem fica? Às vezes, não sabemos quanto tempo
permaneceremos em um determinado lugar. Entretanto, quando amamos,
sempre estamos ansiosos para ter aquela pessoa por perto. Sendo
assim, como viver sem prazos ou com planejamentos a médio e a longo
prazo? Por que uma pessoa esperaria por você?
Quem já teve oportunidade de
vivenciar uma, duas ou mais histórias como essa sabe que namorar à
distância é viver com um aperto de saudade dentro do peito. Alguns
relacionamentos têm final feliz, outros, ou a maioria deles, nem
tanto. O que faz com que cada um trace o seu destino de forma tão
diferente?
Uma amiga me dizia que a distancia
intensifica a relação e acentua o que é bom e o que é ruim. Como
sobreviver a isso? E à saudade? E ao desejo? Talvez um namoro à
distância não termine porque acabou o amor, talvez isso ocorra por
ter findado a pretensão de lutar por esse sentimento. E a
justificativa para essa fraqueza da vontade é a própria distância!
Ainda não chegamos aos trinta anos,
mas olhamos para os nossos amados tendo certeza de que queremos
passar o resto da vida com eles, ou seja, pelo menos uns cinquenta
anos. Cinquenta anos! Isso é o dobro de tudo o que eu vivi e, se eu
disser que eu tenho dimensão do quanto isso representa, eu estou
mentindo. Apenas imagino todo o cotidiano, todas as delicias de uma
vida a dois e todos os desafios; as noites de intensa paixão e as
noites em que você vai, simplesmente, querer dormir, talvez até
sozinho. E então podemos antever um (a) colega de trabalho sexy, as
nossas paranóias diante do espelho com o passar dos anos e como
tentaremos administrar todas as inseguranças enquanto damos banho
nos meninos, arrumamos, botamos no carro e levamos pra escola.
Devemos refletir também sobre os dias de bom humor, os dias de mau
humor, as contas, o supermercado, a faxina em casa, ou seja, vida
real! Não são exatamente as cenas que passam nas novelas das oito.
Imagine tudo isso que cogitamos somado a dezenas de acontecimentos
que não prevemos e temos 50 anos de casamento!
Vendo esse panorama geral o que
seriam dois anos namorando à distância se você tem certeza que é
com aquela pessoa que você quer passar o resto da vida? Quantos
momentos de distância física e psicológica teremos em 50 anos?
Pensar nisso dá medo, e é por medo que os namoros à distância não
se mantém. Por medo de quem nos tornaremos, por medo de não
conseguir dar lugar aos nossos desejos, por medo de não sermos
habilidosos o suficiente para conseguir semear o amor e
principalmente por medo de não conseguir manter esse sentimento por
um, dois, três anos. Que medo deve dar então quando pensamos em
cinquenta! Mas, como diria a Ana, “Que o medo exista, porque ele
existe, mas que não tenha tamanho para ceifar o nosso amor.”
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